sábado, 18 de abril de 2009

Assim Caminha a Desumanidade

Crônica do poeta Marco Bogado, lida no "Sarau de Leitura - Letra Lida na Olido" no dia 13/04.

“São Paulo é uma cidade desumana!” é uma frase que você já deve ter escutado por aí. No entanto é uma construção literária no mínimo estranha se você pensar que São Paulo é um dos lugares mais humanos do mundo. Claro, pois se há quase vinte milhões humanos que habitam por aqui, haverá lugar mais humano do que São Paulo? Talvez apenas a Cidade do México, Bombaim, Seul e Tóquio, que alcançaram cifras maiores. Mas, mesmo assim, é consenso que as cidades do mundo inteiro estão se tornando desumanas. Estranho, já que nada mais humano do que se concentrar e construir cidades, já que aproximadamente metade dos humanos vivem em cidades

Mas o que querem dizer com desumano? Seria talvez um sinônimo para cruel, bárbaro ou, talvez, animalesco. Portanto seria algo como o contrário de ser humano, que se suporia dotado de justiça, generosidade e de um espírito gregário. Bom, que somos “gregários” ninguém nega e as grandes cidades estão aí para provar, mas que somos justos e generosos? Difícil concordar, já que a História parece dizer o contrário, afinal qual animal fora o humano mata, escraviza e destrói com tanta versatilidade a si mesmo como o bicho homem? Campos de concentração, armas de fogo, tortura, guerras, armas de destruição em massa, navios negreiros e até nossas indústrias e plantações, que estão aí para prover, acidentam o humano que a ela serve com acidentes físicos e psicológicos. Deste modo, nada mais humano que matar, roubar, ferir e mentir.

Ora, mais os outros animais também matam e, frequentemente, matam à sua própria espécie, por razões várias que cabem a um zoólogo vir aqui explicar. E não apenas para comer como dizem certos humanos, para provar isto basta observar um gato frente a uma barata. Então o que distingue a humanidade do homem a animalidade do animal? Bom, o ser humano por definição é gregário e possui e desenvolve constantemente a cultura. Então está aí a resposta! Não é “desumano” matar, desde que seja em grupo e com cultura, sofisticação por assim dizer. Isto que fizeram grandes líderes, ditadores e países inteiros, e com grande requinte, devo ressaltar. Matam em grupo e com objetos sofisticados. Algumas vezes o grupo não está presente de fato, mas “legitima” com justiça a morte alheia, criando rituais de enforcamento, guilhotina, dentre outros, criando os profissionais da morte, tais como os carrascos, soldados, generais, políticos e economistas. Políticos e economistas? Isto mesmo, já que na mão deles é decidida a falência, a fome e, por fim, a morte de regiões inteiras do mundo, tudo com muita sofisticação.

Então o que fazer? Bom, seguindo este raciocínio é possível dizer que, aqueles que pregam a paz, a justiça e a generosidade deveriam sugerir a todos humanos serem,digamos, menos humanos, já que parece, até aqui, que ser humano é tudo isto que está aí nas grandes e pequenas violências das cidades.

(Marco Bogado escreve todos os domingos no blog Literatura Cotidiana: http://literaturacotidiana.bogado.net/)

POESIA DE PATATIVA DO ASSARÉ

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.

POESIA DE CORDEL DE PAULO GONDIM 18.01.2002

Enfim, a chuva chegou
Muitos sonhos
renovou
Fez a vida renascer
A vida quase esquecida
Dessa gente desvalida
Que nunca deixa o sertão
Mesmo sabendo da luta
Da vil e cruel labuta
Por um pedaço de pão

E o sol se esquivou
E dessa vez não queimou
O meu sofrido torrão
E água muita correu
A tudo depressa encheu
O sertão virou um mar!
Todo orgulhoso, sorriu
Assim como nunca viu
Tanta vida festejar

Mas a sorte aqui não muda
É cruel, feia e desnuda
É pura desolação
E no sertão é assim
Sem chuva, a seca ruim
Assola bichos e sonhos
Desalojando essa gente
Num castigar iminente
Em desalentos medonhos

E desta vez foi a chuva
Como a praga da saúva
Que tudo come sem dó
Tirou o sol do caminho
Acabou tudo igualzinho
Como o sol da outra vez
Levou tudo pela frente
Na estrondosa corrente
Destruindo o que se fez

Pois é assim no sertão
Tudo é sim ou tudo é não
Não há jeito nem saída
Quando o sol não lhe castiga
É a chuva por intriga
Que vem tudo devastar
Expulsa o pobre oprimido
De seu lugar tão querido
Para nunca mais voltar

E o sertanejo pergunta
Na dor que ao pranto se junta
Será que a sorte não muda?
Quando o sol lhe queima o rosto
Ou muita chuva é desgosto
Nunca sabe o que é melhor
Como já disse o “Patativa”
“Seca sem chuva é ruim”
“Mas seca d’água é pior”


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