terça-feira, 16 de junho de 2009

Comentários do confrade Mário sobre o conto de Lygia Fagundes Telles

Para Confraria da Leitura
Comentários do confrade Mário sobre o conto de Lygia Fagundes Telles:
A Estrutura da Bolha de Sabão

Trata-se de um belo conto em que a autora narra os personagens na primeira pessoa..
O dia-a-dia de uma infância entre as suas brincadeiras de soprar o sabão nos verdes canudos apanhados do mamoeiro com cautela “os mais tenros, que sopravam as bolas maiores, mais perfeitas” para formarem bolhas de sabão no ar, dos corredores do seu quintal e da sua meninice e ao mesmo tempo sentia uma certa inquietação (paixão!!). Direcionado a um garoto (“seu vizinho?”), que se ocupava em estudar “a estrutura da bolha de sabão” que insistia em repetir “A Estrutura, quer dizer estrutura”, não o compreendia.
E no dia seguinte ela perguntava “mas e a estrutura?”, “A estrutura” - ele insistia.
E seu gesto delgado de envolvimento e fuga parecia tocar mas guardava distância, cuidado, cuidadinho, ô! A paciência. A paixão. (paixão platônica? timidez?).

Estou me espiritualizando ela disse e ele sim sem se comprometer. Sem grito. Amor de transparências e menbranas, condenado à ruptura. E ela com sentimento à flor da pele. Amor de ritual sem reciprocidade. No escuro (no seu quarto à noite) ela sentia uma paixão aflorar seu corpo.
Tempos depois...Num bar, ela encontra com ele que tomou a mulher pelo braço e perguntou: “Vocês já se conheciam?” Sabia muito bem que nunca tínhamos nos visto mas gostava dessas frases acolchoando situações, pessoas.
Ela (com ciúmes!) reparava com sórdida crítica, aquela boca polpuda se apertou, mesquinha, tem boca - à toa, pensei. Artificialmente à-toa. Mas como é que um homem como ele, um físico que (...), podia amar uma mulher assim?
Mistérios, eu disse e ele sorriu. Nos divertíamos em dizer fragmentos de idéias, peças soltas de um jogo que jogávamos meio ao acaso, sem encaixe.

Convidaram para sentar, a mesa pequena, os joelhos roçando aos seus, embaraçava-ª Refugiava os pensamentos nos cubos do gelo no fundo de um copo, e ele, podia estudar a estrutura do gelo, não, não estava sentindo efeito. E, ademais ela queria fazer perguntas.
Uma antiga amizade? Ela divagando...responde: uma antiga amizade.
Ah! Foram colegas? Ela, para enciúmá-la, responde: uma antiga amizade.
Ah! Foram colegas? Ela, para enciúmá-la, responde: não, nos conhecemos numa praia.
Onde? Por aí numa praia...
Ah! Aos poucos o ciúme foi tomando forma e (...). Veio a dor de cabeça. Queria desesperadamente ir embora. Despediram-se.
Já na rua, ele pensou até em beijá-la sutilmente, mas como sempre, não consumado.

Ao chegar em casa, ela resolve telefonar a um amigo para compartilhar a sua noite de emoção e ele concluiu que o cientista estava felicíssimo.
No dia seguinte ele telefona para ela “felicíssimo”, ela entende, a ponto de mudar de assunto com pressentimento de que ela poderia estar ouvindo na extensão. Então, ela desliga.

O segundo encontro foi numa exposição de pintura, onde ela fica sabendo que ele está doente, contado pela própria mulher, bonita mas um tanto grosseira, fôra casada com o primo de um amigo, um industrial meio fascista (...).
Ela fica inconformada. Não ele, meu Deus. Não ele, ela repete.

Ela pensa em pedir notícias por telefone mas ela pressentia que não conseguiria emitir nenhuma palavra. Ela, então, resolve visitá-lo.
“A mulher num gesto de amor, de compreensão, de solidariedade, atende-a gentil e calorosa. Elogiou minha bolsa, meu penteado despenteado. Nenhum sinal de sinusite. Mas, daqui a pouco vai começar, pensei.”
“Foi um grande susto” - ela disse. “Mas passou, ele está ótimo ou quase” levantando a voz para que ele pudesse ouvir do quarto se quisesse.
A casa. Aparentemente, não mudara, mas reparando melhor, tinha menos livros. (...). Antigas prateleiras da estante.

//A autora surpreende!
Nesta observação que ela conhecia detalhes desta casa podemos deduzir que haviam entre eles um relacionamento muito mais intenso, que até então não havia sido explícito. //

Ela entra no quarto, observa como sempre as suas mãos branquinhas, um livro aberto...
(...)
Fizeram algumas brincadeiras de antigamente, “jogar?” Riram um para o outro.
A mulher delicadamente diz que precisa ir à casa da mamãe e que a empregada está fora, então ela pede para ficar mais um pouco. Ela sai e fecha a porta do quarto.
Foi então descobrir o que estava faltando, ô! Deus. Agora eua sabia que ele ia morrer.


//Que lindo conto, eu viajei desta maneira, todos podem viajar a sua maneira!!
Engraçado, continuo pensando na frase “Mas como é que um homem como ele, um físico que estudava a estrutura das bolhas, podia amar uma mulher assim?” Ela realmente perguntou ou apenas pensou, como ele pudesse subentendê-la.
Então, apenas dizer “mistérios” e ele sorrir, mencionando que eles se divertiam em dizer fragmentos de ideias soltas de um jogo que jogavam meio ao acaso, sem encaixe.
E assim fico imaginando, imaginando!
Imagino também que a autora tem um modo excepcionalmente peculiar de contar um conto.
Num dos trechos de depoimentos da autora Lygia Fagundes Telles em entrevista organizada pela escritora Edla Van Steen, em que a própria autora sente dificuldades de decifrar os seus próprios textos, terminando com a seguinte frase: “A Criação Literária é um mistério”.
Por Mário. Em maio/2009

POESIA DE PATATIVA DO ASSARÉ

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.

POESIA DE CORDEL DE PAULO GONDIM 18.01.2002

Enfim, a chuva chegou
Muitos sonhos
renovou
Fez a vida renascer
A vida quase esquecida
Dessa gente desvalida
Que nunca deixa o sertão
Mesmo sabendo da luta
Da vil e cruel labuta
Por um pedaço de pão

E o sol se esquivou
E dessa vez não queimou
O meu sofrido torrão
E água muita correu
A tudo depressa encheu
O sertão virou um mar!
Todo orgulhoso, sorriu
Assim como nunca viu
Tanta vida festejar

Mas a sorte aqui não muda
É cruel, feia e desnuda
É pura desolação
E no sertão é assim
Sem chuva, a seca ruim
Assola bichos e sonhos
Desalojando essa gente
Num castigar iminente
Em desalentos medonhos

E desta vez foi a chuva
Como a praga da saúva
Que tudo come sem dó
Tirou o sol do caminho
Acabou tudo igualzinho
Como o sol da outra vez
Levou tudo pela frente
Na estrondosa corrente
Destruindo o que se fez

Pois é assim no sertão
Tudo é sim ou tudo é não
Não há jeito nem saída
Quando o sol não lhe castiga
É a chuva por intriga
Que vem tudo devastar
Expulsa o pobre oprimido
De seu lugar tão querido
Para nunca mais voltar

E o sertanejo pergunta
Na dor que ao pranto se junta
Será que a sorte não muda?
Quando o sol lhe queima o rosto
Ou muita chuva é desgosto
Nunca sabe o que é melhor
Como já disse o “Patativa”
“Seca sem chuva é ruim”
“Mas seca d’água é pior”


ACHADOS E PERDIDOS

Se você esteve em algum evento na Galeria Olido e perdeu algum objeto ou documento, entre contato com o setor de produção pelo telefone: 3397-0170.
Minha foto
Avenida São João, 473 - Centro São Paulo/SP - Brasil Tel.: 11 3397-0171

SERVIÇOS

Capacidade das salas
Cine Olido - 236 lugares
Sala Paissandu - 136 lugares
Sala Olido - 293 lugares
Vitrine da Dança - 200 lugares

PROGRAMAÇÃO SUJEITA A ALTERAÇÕES

Avenida São João, 473 - CEP 01035-000
Telefone: 3331-8399/3397-0171 - Centro - São Paulo – SP
Horário: segunda à sexta das 9h às 18h, sábados, domingos e feriados das 13h às 20h.
Email: galeriaolido@prefeitura.sp.gov.br
Blog:http://galeriaolido.blogspot.com
Site: www.galeriaolido.sp.gov.br

coordenação geral: clara lobo secretária: míriam teixeira gestão de informações e revisão geral: regina takeo projeto gráfico e diagramação: fábio carvalho programação musical: kátia bocchi programação cinema: alex andrade programação ponto de leitura: rita marques programação dança: vanessa lopes e elaine calux coordenação de produção: sulla andreato produtores: edson de souza, eric vinicius carvalho, thiago lopes, nathalia gabriel e fernanda balian projecionista: josé jailson de lima administrativo: vanda dogue atendimento ao público: eliana floriano, hilda da conceição, edhina ferreira, edison luiz da silva, osana cândido, marcos de moraes coordenação centro da memória e atividades do circo: verônica tamaoki.