terça-feira, 4 de agosto de 2009

CONFRARIA DA LEITURA

Escrever algo sobre o texto “A Terceira Margem do Rio” de Guimarães Rosa:
- Esta foi a proposta para a Confraria de Julho/2009.


Escrever é muito difícil quando não se exercita a escrita. Já disse um grande poeta, meu conhecido e irmão. Não estou acostumada a ler e escrever sobre o que foi lido, apenas fico “mastigando” na alma, esses “textos malucos” de “loucos escritores” e esse gosto, lento, doce, amargo, vai se transformando e sendo engolido e digerido aos poucos....
Li algumas vezes o texto e depois segui pensando nas possibilidades que me trouxe....

Vi um homem quieto, calado, sozinho, partindo para o NADA, que também poderia ser TUDO. Vi liberdade, ar, imensidão, horizontes, a natureza e suas intempéries, o dia e a noite, o sol e a chuva, o vento e o ar parado e todo o cenário que se pode ver do alto, de um ponto não conhecido, só imaginado. Vi paz, silêncio. Vi também medo, escuridão, dúvida.

Da terceira margem poderia se ver o passado, o presente e o futuro misturados e harmonizados num mesmo tempo, como mágica, como um filme.

Pela escolha em mandar construir sua canoa e decidir essa trajetória, vi um homem egoísta, individualista, triste, sozinho, ausente, que buscou seu caminho sem preocupar-se com os filhos, mulher e responsabilidades do lar, dos negócios, da educação dos filhos, da vida real, fuga, covardia, loucura, ou o quê? Escolha ou destino?

Vi o julgamento de terceiros sobre o ocorrido, estaria louco, doente, voltaria ao acabar o mantimento oculto na canoa, estaria pagando promessa, teimosia???

Vi na canoa, um caixão, a morte do corpo físico e o percurso desconhecido....... “perto e longe de sua família dele”, “às penas, que com aquilo, a gente nunca se acostumou, em si, na verdade”.........o afastamento/ a morte/ o desconhecido/ o inesperado?

Vi no filho, talvez mais frágil, mais sensível, ou ainda, mais apegado ao pai, culpa, desejo de estar perto, de ter ido junto, agradecimento, orgulho , respeito, cuidado, medo, fuga......

“Os tempos mudavam no devagar depressa dos tempos”//...A mãe idosa foi morar com a filha, neto e genro. O irmão mudou-se. Ele, ficou: “Eu fiquei aqui, de resto. Eu nunca podia querer me casar. Eu permaneci com as bagagens da vida”// “Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto”// NÃO ACEITOU A PARTIDA, A AUSÊNCIA DO PAI “Ele estava lá sem a minha tranqüilidade”

Texto de vida/percurso/rio, morte/percurso/rio,
esferas outras.......escuridão.....Pai/Filho/Espírito.....luz!

Ivânia Garcia
Julho/2009



Para a Confraria da Leitura
Sobre o conto “A Terceira Margem do Rio” – de Guimarães Rosa.


Li, reli e já tinha lido.
A história ou estória parece comum: o pai do menino endoidou, mandou fazer uma canoa e foi-se rio afora.
Voltava algumas vezes para buscar comida que seu filho, com a anuência da mãe, deixava para ele. Só.

Mas, começamos a entender que existe o lado simbólico e psicológico: o arquétipo de Pai. Precisamos de Pai. E, por que não nos livramos dele?
É algo além de nós. Uma pessoa que colaborou, a princípio, muito pouco para o nosso nascimento.
Alguns assumem a criação dos filhos, outros nem tanto, outros nada.
Mas, o arquétipo é além dos pais reais, precisamos do Pai.
Jesus, quando perguntado sobre como orar, informou:
- Digam: “Pai Nosso que estais no céu...”
Na estória há ligações afetivas do filho ao pai, da mãe e até da irmã, que quando nasce o filho quer mostrar a ele.
A ligação afetiva é independente da atitude do pai de deixa-los.

Outro simbolismo é o rio manso, como o tempo manso que nos arrasta até sumirmos ao longe. “Os tempos mudavam no devagar depressa dos tempos.”

Há também o lado filosófico que o conto aponta, porque conhecemos duas margens de qualquer rio, e a terceira?
Conhecemos a vida, as alegrias e sofrimentos, mas não conhecemos a morte,a terceira margem.

Depois de ler este conto, disse a uma amiga: um dia as águas trarão uma canoa, que saberei ser minha. Sozinho, embarcarei e serei conduzido para a Terceira Margem, e, uma borboleta amarela me acompanhará – durante algum tempo.

De: Odilon Navarro / 28/julho/09.




Para a Confraria da Leitura
Comentário sobre o conto “A Terceira Margem do Rio”, de Guimarães Rosa.


Terceira margem do rio não é a primeira, a da direita,
ou a segunda a da esquerda, é talvez a que fica no centro do rio,
um pouco mais pra lá de quem desce ou talvez suba,
indiferente a tudo,
teimosamente naquele lado indefinido,
onde o referencial depende de quem vê, depende de quem é normal.

Ora, o normal, é o que olhamos sempre pelo vidro,
pelas lentes que todos os antigos construíram,
pelo centro do que é conhecido, pelos caminhos já vistos e partilhados,
pelos pensamentos derramados ou escritos, manifestados.


Não posso aceitar uma terceira margem porque nunca a vi.
Mesmo se meu mestre muito amado e conhecido vier mostrar-me,
eu temerei.
Fugirei para dentro de mim, e só sairei no fim.

De Isonilton Garcia
27/7/09

POESIA DE PATATIVA DO ASSARÉ

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.

POESIA DE CORDEL DE PAULO GONDIM 18.01.2002

Enfim, a chuva chegou
Muitos sonhos
renovou
Fez a vida renascer
A vida quase esquecida
Dessa gente desvalida
Que nunca deixa o sertão
Mesmo sabendo da luta
Da vil e cruel labuta
Por um pedaço de pão

E o sol se esquivou
E dessa vez não queimou
O meu sofrido torrão
E água muita correu
A tudo depressa encheu
O sertão virou um mar!
Todo orgulhoso, sorriu
Assim como nunca viu
Tanta vida festejar

Mas a sorte aqui não muda
É cruel, feia e desnuda
É pura desolação
E no sertão é assim
Sem chuva, a seca ruim
Assola bichos e sonhos
Desalojando essa gente
Num castigar iminente
Em desalentos medonhos

E desta vez foi a chuva
Como a praga da saúva
Que tudo come sem dó
Tirou o sol do caminho
Acabou tudo igualzinho
Como o sol da outra vez
Levou tudo pela frente
Na estrondosa corrente
Destruindo o que se fez

Pois é assim no sertão
Tudo é sim ou tudo é não
Não há jeito nem saída
Quando o sol não lhe castiga
É a chuva por intriga
Que vem tudo devastar
Expulsa o pobre oprimido
De seu lugar tão querido
Para nunca mais voltar

E o sertanejo pergunta
Na dor que ao pranto se junta
Será que a sorte não muda?
Quando o sol lhe queima o rosto
Ou muita chuva é desgosto
Nunca sabe o que é melhor
Como já disse o “Patativa”
“Seca sem chuva é ruim”
“Mas seca d’água é pior”


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